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A entrevistada do mês de Outubro é Eliane Ferreira é Farmacêutica e Bioquímica, é pós-graduada em Farmácia Clínica e especialista em suplementação individualizada. Atuação em farmácia magistral e, atualmente, em consultório farmacêutico integrativo privado- o nicho de atendimento é, principalmente em saúde da mulher.
O termo “suplemento” está regulamentado pela RDC 243 de 26 de julho de 2018 e refere-se a produtos para a ingestão oral contendo nutrientes, substâncias bioativas, enzimas e probióticos, usados de forma isolada ou em associação, com o objetivo de complementar a alimentação. Dessa forma, segundo os órgãos regulamentadores, a suplementação deve fazer parte de um plano alimentar e não deve ser usada de forma isolada ou substituindo uma alimentação saudável.
Como o farmacêutico pode atuar no segmento de suplementos ?
No setor farmacêutico, um segmento em ascensão é o consultório farmacêutico respaldado pela Resolução CFF 586/13, juntamente com a Resolução CFF 585/13 que regulamenta a prescrição farmacêutica. Essa é uma oportunidade para o farmacêutico se destacar, oferecendo um serviço de atenção personalizada.
Atuo em Consultório farmacêutico e sigo um tratamento baseado na visão integrativa e a suplementação de pacientes faz parte da rotina. Mas esse é um ato de extrema responsabilidade, que deve ser realizado baseado em evidências científicas e correlacionado com a clínica (sinais e sintomas). Mas antes de prescrever um suplemento, existe um longo caminho que devemos compreender, analisar e avaliar.
“Mais importante que conhecer suplementos, é entender o porquê suplementar”
Essa é a frase que está sempre presente comigo quando preciso suplementar um paciente.
Quando falamos em suplementar não podemos negligenciar os hábitos alimentares e o estilo de vida. Nosso trabalho como farmacêuticos integrativos é avaliar o paciente como um todo. Realizar a educação em saúde, mostrando e ensinando a importância das escolhas. Na maioria das vezes, o trabalho em conjunto com o nutricionista é fundamental para elaborar um plano alimentar adequado e individualizado.
O segundo passo é a avaliação das carências nutricionais por meio dos exames laboratoriais e a pesquisa de metais tóxicos. E é aqui que entra todo o nosso conhecimento!
Elaborar um bom suplemento para a reparação da mucosa intestinal, saber eliminar os metais tóxicos e otimizar a detoxificação hepática e renal, eliminar a inflamação instalada, controle do emocional e mental. Esses são alguns exemplos dos pontos em que devemos atuar. Para reequilibrar temos que ter a noção que devemos reorganizar todas as rotas metabólicas. Conhecer as reações bioquímicas, suas enzimas e seus cofatores é de extrema importância.
Para saber quais produtos, isso demanda de muito estudo. Devemos conhecer as funções de cada um, avaliar as interações, principalmente, entre minerais, saber qual a melhor forma farmacêutica que garanta estabilidade e adesão ao tratamento, além da melhor forma química. Trabalhar sempre em sinergia entre ativos e com rotatividade, pois isso garante variedade de moléculas diferentes no corpo, pois ocorre a ativação de uma variedade maior de alvos genéticos, amplificando o tratamento.
Mas lembre-se, é sempre um conjunto. O uso de suplementos isolado sem mudança no estilo de vida e padrões alimentares não recupera a saúde do paciente!
Quais as maiores dificuldades do segmento de suplementos?
A suplementação desse ser sempre realizada de forma individualizada e reavaliada constantemente por profissional capacitado, sempre de acordo com sinais, sintomas, exames bioquímicos. Somente dessa forma teremos êxito, caso contrário, poderá prejudicar ainda mais o cenário da doença.
O consumo de suplementos ganhou destaque entre os praticantes de atividade física com objetivo de maior desempenho e modificação corporal. A comercialização de forma livre propiciou esse autoconsumo sem orientação.
Atualmente, a farmácia passa a ser a porta de entrada para a busca de serviços de saúde, seja pela disponibilidade e facilidade em encontrar o profissional farmacêutico para um atendimento de qualidade e diferenciado. E o consumidor busca por suplementos como, por exemplo, os polivitamínicos com o objetivo de melhorar a saúde e qualidade de vida, tanto difundidos pela mídia. Por mais que estejam classificados como MIPs (medicamentos isentos de prescrição), não quer dizer que não necessitam de orientações por parte do farmacêutico. Essa comercialização livre estimula a automedicação e o uso irracional desses produtos, sem uma avaliação da real necessidade de usar todas aquelas substâncias, algumas em doses baixíssimas, outras em megadoses para aquele indivíduo. Isso também acaba influenciando na biodisponibilidade dos ativos, visto que, alguns precisam ser administrados em jejum, outros após refeições. Além de impactar profundamente nas interações e sinergia entre os ativos. Nessas situações, escolha um polivitamínico que não tenha tantas associações e lembre-se: menos é mais! O conhecimento que temos que ter para montar um suplemento é o mesmo para indicar um suplemento industrializado.
Quais são as perspectivas desse segmento ?
Atualmente, depois de décadas, estamos observando o impacto negativo da industrialização do alimento. Esses produtos alimentícios, juntamente com poluentes e toxinas, levaram ao aumento desenfreado de doenças, tanto que nossos pacientes “colecionam” doenças e estão acostumados a conviver com elas. Ainda mais com a indústria farmacêutica patrocinando a medicina tradicional, onde se observa a prescrição de poli medicamentos para o mesmo paciente sem se atendar a investigar as causas dessas doenças e propor uma mudança para retornar ao estado de saúde.
Vejo um crescente movimento em prol da humanização no atendimento à saúde com mais acesso à informação, maior investimento em pesquisas científicas que refletem num conhecimento mais atualizado e assertivo.
Por isso defendo que a suplementação individualizada consegue reparar as deficiências nutricionais e reequilibrar o organismo bioquimicamente. E é somente dessa forma que a saúde passa a ser recuperada. Uma dica: Deixe de pensar em atuar somente na consequência, ou seja, na manifestação da doença… investigue e atue na causa!
Seja você o seu primeiro paciente, faça as mudanças necessárias, suplemente adequadamente e sentirás o que é viver verdadeiramente com saúde.
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