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DoxyPEPA DoxiPEP (Profilaxia Pós-Exposição com Doxiciclina) é uma estratégia de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) bacterianas, como sífilis e clamídia. Consiste na administração do antibiótico doxiciclina em dose única de 200 mg (dois comprimidos de 100 mg) até 72 horas após uma relação sexual desprotegida, preferencialmente dentro das primeiras 24 horas.
Esta abordagem tem sido estudada e implementada principalmente entre homens que fazem sexo com homens(HSH) e mulheres transgênero, grupos considerados de maior vulnerabilidade para essas infecções.
A utilização da doxiciclina como profilaxia pós-exposição começou a ser estudada na França e nos Estados Unidos. Pesquisas realizadas nesses países demonstraram que a DoxiPEP reduziu significativamente a incidência de sífilis e clamídia. Por exemplo, um estudo publicado no “JAMA Internal Medicine” destacou que, após 13 meses, os usuários da DoxiPEP tiveram 49% menos diagnósticos de clamídia e 51% menos de sífilis em relação ao grupo controle.
Em outubro de 2022, São Francisco tornou-se a primeira cidade a recomendar oficialmente o uso da DoxyPEP para homens gays, bissexuais e pessoas transgênero, especialmente aqueles com histórico de ISTs.
Na França, a DoxyPEP o estudo ANRS IPERGAY avaliou o uso da doxiciclina como profilaxia pós-exposição para prevenir ISTs em homens que fazem sexo com homens, demonstrando eficácia na redução de infecções como sífilis e clamídia, tendo o uso da DoxyPEP sendo feito em grupos de estudos, sem liberação oficial.
Outros países na Europa seguem com prescrição da DoxyPEP offlabel, sem diretrizes oficiais publicadas. Até o presente momento, março de 2025, penas EUA possui liberação oficial e França e Brasil com estudos de implementação em andamento.
Benefícios da DoxiPEP:
- Estudos mostraram que a DoxiPEP pode diminuir significativamente os casos de sífilis e clamídia em populações de alto risco e consequentemente diminuir a taxa de incidência nos demais grupos.
- A doxiciclina é um antibiótico oral, de baixo custo e amplamente disponível, o que facilita sua implementação como medida preventiva.
- A doxiciclina demonstrou ter baixo perfil de resistência ao longo dos anos, para tratamento da Sífilis e clamídia, não tento grande efetividade contra gonorreia.
Preocupações associadas à DoxiPEP:
- O uso indiscriminado de antibióticos pode levar ao desenvolvimento de bactérias resistentes, tornando tratamentos futuros menos eficazes.
- O uso da doxiciclina pode causar efeitos adversos, como náuseas, vômitos, diarreia e sensibilidade à luz solar.
- É proibida para uso em gestantes.
- O uso frequente de antibióticos pode desequilibrar a flora intestinal, levando a inflamações e outras complicações.
Situação no Brasil:
No Brasil, a adoção da DoxiPEP ainda está em fase de avaliação. O Ministério da Saúde está realizando análises técnicas de evidências científicas e de impacto orçamentário para considerar sua implementação no Sistema Único de Saúde (SUS).
Enquanto isso, algumas cidades, como o Rio de Janeiro, já utilizam a doxiciclina de forma experimental em unidades de Atenção Primária, direcionada principalmente a homens que fazem sexo com homens e mulheres trans, grupos com maior vulnerabilidade a ISTs.
Ainda no país, por exemplo, pesquisas qualitativas investigaram o contexto de uso da DoxyPEP entre homens que fazem sexo com homens, revelando práticas de automedicação e desafios no acesso ao medicamento.
REFERÊNCIAS:
– BOLAN, R. K. et al. Doxycycline prophylaxis to reduce incident syphilis among HIV-infected men who have sex with men who continue to engage in high-risk sex: a randomized, controlled pilot study. Sexually Transmitted Diseases, v. 42, n. 2, p. 98-103, 2015. Disponível em: https://journals.lww.com/stdjournal/Fulltext/2015/02000/Doxycycline_Prophylaxis_to_Reduce_Incident_Syphilis.7.aspx. Acesso em: 18 mar. 2025.
– MOLINA, J. M. et al. Post-exposure prophylaxis with doxycycline to prevent sexually transmitted infections in men who have sex with men: an open-label randomised substudy of the ANRS IPERGAY trial. The Lancet Infectious Diseases, v. 18, n. 3, p. 308-317, 2018. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1473309917304608. Acesso em: 18 mar. 2025.
– LUETKEMEYER, A. F. et al. Postexposure Doxycycline to Prevent Bacterial Sexually Transmitted Infections. The New England Journal of Medicine, v. 388, n. 14, p. 1296-1306, 2023. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2211934. Acesso em: 18 mar. 2025.
– COHEN, S. E. et al. Doxycycline Postexposure Prophylaxis and Sexually Transmitted Infection Trends Among Gay and Bisexual Men and Men With HIV in San Francisco: A Quasi-Experimental Study. JAMA Internal Medicine, 2025. Disponível em: https://www.sfchronicle.com/health/article/doxy-pep-reduces-sti-rates-studies-20047792.php. Acesso em: 18 mar. 2025.
– CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Doxycycline Post-Exposure Prophylaxis (DoxyPEP) for Sexually Transmitted Infections: Updated Guidance. CDC, 2023. Disponível em: https://www.cdc.gov/std/treatment-guidelines/doxypep.htm. Acesso em: 18 mar. 2025.
– MINISTÉRIO DA SAÚDE. Evidências científicas apontam que a DoxiPEP vem reduzindo o número de novos casos de ISTs. Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/aids/pt-br/assuntos/noticias/2024/setembro/evidencias-cientificas-apontam-que-a-doxipep-vem-reduzindo-o-numero-de-novos-casos-de-ists. Acesso em: 18 mar. 2025.
– SOUSA, Á. F. L. et al. “Como conseguir a sua Doxi-PEP?”: vulnerabilidades e rotas terapêuticas de homens que fazem sexo com homens no Brasil. Revista de Saúde Pública, 2024. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11805510/. Acesso em: 18 mar. 2025.
A DoxyPEP é uma estratégia complementar a outras medidas de prevenção, como a PrEP para HIV, preservativos e testagem regular.
A combinação dessas abordagens pode fortalecer a resposta ao enfrentamento das ISTs.
Seja Responsável!
A DoxyPEP é uma estratégia complementar a outras medidas de prevenção, como a PrEP para HIV, preservativos e testagem regular.
A combinação dessas abordagens pode fortalecer a resposta ao enfrentamento das ISTs.
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