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Wallisson Luan Leoncio da Silva, 26 anos é graduado em Farmácia pela Universidade de Brasília (UnB) /Faculdade de Ceilândia (2016) e com Graduação-Sanduíche em Farmácia pela Universitat de Valência, no âmbito do programa Ciência Sem Fronteiras – Espanha (CNPq- Edital 178/2013).
Especialista em Terapia Intensiva pelo programa de residência multiprofissional da Secretária de Saúde do Distrito Federal, desenvolvendo atividades na área de Farmácia Clínica. Atualmente, trabalha como farmacêutico clínico no Hospital DF Star, pertencente ao Grupo Rede D’Or São Luiz.
Área de Atuação: Farmácia Hospitalar – Farmácia Clínica.
1- Quais são, resumidamente, as principais atividades farmacêuticas desenvolvidas diariamente:
A primeira abordagem é no intuito de conciliar os medicamentos de uso domiciliar, registrando a posologia e o modo como o paciente administra.
Nesse momento, aproveitamos para traçar o perfil clínico através da anamnese farmacêutica, questionando hábitos (etilismo, tabagismo, prática de exercícios físicos, qualidade do sono), alergias e/ou intolerâncias, comorbidades prévias, uso recente de antibióticos e fitoterápicos.
A partir disso, seguimos com a análise da prescrição médica. Um check list diário para confirmar a presença dos medicamentos essenciais para cada paciente, o que envolve controle glicêmico, proteção gástrica, prevenção de tromboembolismo venoso e pulmonar, entre outras coisas.
As intervenções farmacêuticas ocorrem quando é preciso incluir ou modificar um plano terapêutico, com base na necessidade, efetividade e segurança da farmacoterapia (ex.: ajuste da dose de antibióticos para função renal ou hepática, alteração de posologia devido ao risco de sobredose ou subdose, monitoramento de interações e incompatibilidades medicamentosas, etc.).
As recomendações são baseadas na literatura, no acompanhamento de exames laboratoriais e nas discussões beira leito realizadas durante visita multiprofissional.
Uma vez que o paciente recebe alta hospitalar, o farmacêutico clínico é chamado pela equipe para dar as orientações gerais e específicas sobre os medicamentos receitados pelo (a) médico (a).
2- Quais são as perspectivas dessa área de atuação?
Com o crescimento da morbimortalidade no Brasil e no mundo, o profissional farmacêutico passou a ser mais atuante quanto ao cuidado direto ao paciente.
Dentro de uma equipe multiprofissional, é capaz de promover a maior adesão dos pacientes e garantir a eficácia do tratamento.
Além disso, o acompanhamento farmacoterapêutico pode ser feito em todos os níveis de atenção à saúde.
Como reflexo dos serviços clínicos prestados, esse tipo de profissional tem contribuído muito com a diminuição dos custos no sistema de saúde.
3- Quais são as recomendação de cursos e dicas para profissionais que desejam atuar nesse segmento farmacêutico?
Cada paciente é único e infinitamente complexo, por isso é esperado que o profissional tenha um bom conhecimento técnico e saiba identificar as necessidades imediatas e a longo prazo.
O tempo de atendimento varia, você cria um vínculo com o paciente pela troca de experiências.
O profissional deve ter empatia com a dor e o sofrimento do outro. Recomendo que os interessados façam uma especialização em Farmácia Clínica ou Farmacologia Clínica, e busquem aperfeiçoamento constante.
Atualmente, há um crescimento na oferta de vagas para residências multiprofissionais na área hospitalar e na atenção básica, é um caminho de aprendizado interessante para quem está começando na profissão e quem busca uma atualização.
Existem cursos gratuitos oferecidos pela UNA-SUS que são ótimas opções para estar bem informado e qualificado.
Aos farmacêuticos hospitalares, mais uma dica, o uso da ferramenta FAST HUG MAIDENS pode ajudar a estruturar a implementação da farmácia clínica no seu local de trabalho e dar direcionamento aqueles que não sabem por onde começar, trata- se da abordagem de pontos críticos que afetam a vida do paciente e que devem ser observados diariamente.
4- Quais são as principais dificuldades do dia a dia desse segmento.
As intervenções farmacêuticas nem sempre são bem aceitas pela equipe, seja por desconhecimento da questão ou por conflito de opiniões.
Em contrapartida, existem profissionais que valorizam muito a nossa atuação na rotina de cuidado ao paciente.
Saber qual o melhor tratamento não significa tê-lo disponível, por isso é importante não se prender a um único caminho, exercitar um pouco a criatividade, mas com responsabilidade.
Além disso, é quase inevitável não se envolver com as histórias de vida dessas pessoas, e é comum o sentimento de impotência diante de coisas que não podemos controlar.
5- Quais são as pricipais legislações relacionadas a essa área?
Seguimos o Código de Ética do Farmacêutico, regulamentado na Resolução 596 de 21 de fevereiro de 2014.
As atribuições clínicas do farmacêutico são descritas na resolução 595 de 29 de agosto de 2013, do Conselho Federal de Farmácia.
6- Por favor deixe-nos uma mensagem adicional
A Farmácia Clínica é uma área de trabalho muito gratificante, é perceptível a diferença que as nossas intervenções provocam na vida dos pacientes.
É prazeroso estar ali por eles. Uma área que precisa de pessoas comprometidas, que saibam trabalhar em equipe e de forma humanizada.
A todos aqueles que se identificam com esse perfil, sejam bem-vindos.